quarta-feira, 11 de março de 2009

Down is the new Up. part 2

algumas linhas sobre Radiohead.

"Cidade de ponta à cabeça. Controle de perspectiva. aahuhauhauhau

Fuck us.
Você vê o que nós queremos que veja.
Respira, come e conhece o que queremos que conheça.

Nós dobramos, contornamos, alteramos e ajustamos tua realidade.
Nosso propósito é esse: certificar de que nosso status quo seja eterno.
Você aí, nadando na ignorância enquanto se distrai no entretenimento,
e nós aqui, visando um futuro cada vez mais estável para todos.



Organize-se,
Deixe a luz entrar.
Sirva-se de um banho quente, sirva-se de um drinque.
Nada vai acontecer sem aviso.
Pra baixo é o novo pra cima.
Qual é, viadinho?
Pra baixo é o novo pra cima, é o novo pra cima.

Não quer ser minha garota?
Não quer ser minha garota?
Seus serviços não são requisitados.
Seu futuro é negro, você é tão "semana passada"!

Senhoras e senhores,
sem cama elástica realizarei agora um flip flop 180.
Devo agora amputar, devo agora contornar.

Porque pra baixo é o novo pra cima.
E se eu simplesmente der um flip-flop?
Pra baixo é o novo pra cima, é o novo pra cima!

Você saiu de fininho e nos deixou.
Seu bastardo! Seu bastardo!

Você aí na Câmera Cândida,
Esse trincado em sua armadura...
Essa cidade de ponta à cabeça...
Essa cidade de ponta à cabeça...

Esvazie seus bolsos!
Passe pra frente, passe adiante!

Você saiu de fininho e nos deixou."

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Down is the new up

Não estou no melhor humor, é uma pena. Por causa disso, quase que minha cerimônia do Oscar vai pelo ralo. Ainda assim, eu não podia de forma alguma perder o momento único em que Heath Andrew Ledger seria anunciado como candidato como Melhor Ator Coadjuvante de 2008 e, em seguida, ser honradamente premiado.


E finalmente aconteceu, e eu assisti tudo. O pai, a mãe e a irmã do ator sobem ao palco e prestam os devidos agradecimentos. Todos os rostos dos artistas mostrados na transmissão estavam emocionados, as lágrimas fazendo um grande esforço pra não serem puxadas pela gravidade. Eu não estava diferente; era desde então um dos melhores momentos de 2009 pra mim.

The Joker. um eclipse que ofuscou todos os papéis anteriores na carreira do ator. Uma encarnação inefável e sem precedentes que absorveu completamente o conceito do antagonista dos quadrinhos e o transportou para o cinema. O que as pessoas viram no Cavaleiro das Trevas não foi um personagem ou um ator; foi o Coringa em carne e osso.

Não existem muitos argumentos favoráveis que eu poderia dizer em relação à Cerimônia este ano; apenas The Dark Knight e Wall-E fizeram com que eu tirasse o chapéu. Na verdade, nem compensa dividir as linhas de um post dedicado ao Coringa em pessoa com os outros indicados e vencedores. Deixa meu raciocínio retornar.

Quando uma pessoa deixa este mundo no ápice do talento tal como Heath Ledger, a sensação remanescente é a de que sua última interpretação é intocável, perfeita, renovadora. Cada segundo que o Joker está em cena na segunda película de Batman é uma aula de arte cênica. A boca do espectador escancara de felicidade, incredulidade e inspiração. Não é difícil deixar um comentário do tipo: foi o melhor vilão que eu já vi no Cinema!, dado o contexto atípico em que mergulhamos ao ver o filme. Um sujeito sem passado que apenas quer ver o pau quebrar e botar o mundo de cabeça pra baixo é muito mais fascinante que um malvado que aspira dominar o mundo ou angariar montanhas de dinheiro.



Do you really think I look like a man with a plan?

Sim e não, Ledger/Joker.
O que importa é que você se tornou grão-mestre da Interpretação aos 28 anos.
E eu espero que você seja recompensado com um bom Dharmma por isso.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

I might be wrong

Pra matar o tédio, hoje fui a um bar com os amigos daqui. Preferia ter ficado em casa assistindo um filme, mas se o lado social enfraquece demais, às vezes é impossível recuperar a moral perdida.

Pois bem, fui na tora e sem grana no bolso. Felippe, meu roomate, ia salvar os drinks. Na segunda e última rodada, o pessoal juntou as notas e pediu pra que eu fosse buscar a jarra de cerveja no balcão. Fui sossegado.



Pedi a atendente uma Pitcher e quatro copos. Ela me entregou e disse:

- U$ 8.75, please.
- Here you go - dei a ela 10 dólares (que não eram meus, mas da galera).

Ela pegou o troco, me deu e disse com um sorriso no rosto:
- Thank you.
- Thank you. - retornei e coloquei as moedas no bolso lateral.
5 segundos depois, ela diz mais uma vez:
-Thank you!

Eu sem entender nada, respondi ao agradecimento com as mesmas palavras. Por fim, ela explica a situação engraçada ao proferir a seguinte frase:

- It's good to have some tips once in a while, y'know?

Peguei a jarra e os copos e voltei sem graça pra mesa.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Hat Full of Feathers

Tenho uma tonelada de papéis escritos sobre Rapid City, mas eu simplesmente não tenho mais paciência sequer pra reclamar deste lugar. Não tem mais sentido. Vou falar sobre o que aparecer na reta, agora.


Ah! Vou puxar um assunto polêmico, então. Na semana passada ocorreu um evento muito famoso por aqui, o Rodeio. E com a vinda dele, centenas de cowboys e tietes infestaram as ruas da Downtown. Aqueles chapéus, esporas e camisas xadrez me matavam de rir, mas ao mesmo tempo me despertavam um sentimento de desconfiança. Explico.



Antes de tudo, cabe aqui lembrar que vários estados americanos foram "bem" representados por seus estilosos vaqueiros. Texas, Arizona, Nebraska... estavam todos aqui! Não pude também deixar de notar que a maioria desses hombres eram simples rapazes; poucos correspondiam ao estereótipo lançado pelo cinema hollywoodiano. É esse um dos pontos que quero chegar: minha surpresa com a quantidade de cowboys poser. Um bando de gente que provavelmente acha as roupas elegantes mas não deve ter coragem de sujar as botas no pasto. Ou mais hilário: bancam de machões, mas no fundo, no fundo... =X

Abro um paralelo aqui pra Brokeback Mountain, película dirigida em 2005 por Ang Lee. Lembro de te-lo assistido numa ocasião bastante embaraçosa, o que contribuiu ainda mais para que eu não considerasse os pontos positivos do filme. Acompanhado de uma menina muito bonita e do meu fiel escudeiro duas filas atrás (leia-se: Aline e Julião), a história de dois cowboys que se pegam numa cabana no Alabama me desceu quadrado. Como drama é apenas regular. Ja os aspectos técnicos de fato são acima da média (a paisagem e a trilha sonora é foda!). Independente, não seria um filme que eu recordaria eternamente, se não fosse por esse cruzamento de referências que tive a oportunidade de experimentar.



Brokeback Mountain destrói, esmirila, escurraça a imagem do cowboy durão. Num país em que o preconceito sexual é atenuado como os USA, foi muita coragem Ang Lee trazer um livro com tamanha propriedade para o Cinema. A noção de desconstrução de um way of life tão enraizado e reafirmado como o dos vaqueiros americanos é saudável por expor seus pontos ridículos. Ela desmascara e alfineta os posers e qualquer um que bota um mato na boca, cospe de lado e se diverte enquanto enforca um mamífero com seu laço.

A importância de Brokeback para o Cinema e para a Sociedade, principalmente a estadunidense, é ímpar. Vale a pena vê-lo de novo sob esse reformulado viés. Afinal, com toda a virilidade emanada por tais bravos homens, qual será a sensação da impotência diante de um tapa cinematográfico como este?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

...And this is my chance.

Que eu contei pra metade do mundo sobre o curta metragem que seria rodado a partir de um conto meu, não é novidade alguma. Agora, a respeito da tragédia que rolou e engavetou o filme por tempo indeterminado, talvez nem todo mundo esteja sabendo ainda. Salões Oníricos foi rodado nos 22 e 23 de dezembro. No segundo dia de filmagens, quase no fim do dia, a equipe foi abordada por assaltantes e os filhos da puta levaram os equipamentos, a câmera, o escambau! Além disso, bateram num dos meninos. A história do roubo pode ser lida nesse blog, feito exclusivamente pra denuncia-los. Já as fotos da produção estão hospedadas no meu álbum do orkut ou no do diretor do curta, que é um amigo fodasso meu.


Apesar da notícia triste, eu tive matando a ociosidade durante o tempo que eu tava sem PC. Comecei a ter umas idéias que poderiam virar crônica de RPG, mas como não narro há pelo menos 9 meses, a intenção é transformá-las em conto. A previsão é mais ou menos essa:


Hall of Dreams (concluído, março de 2008)
Rumormonger
(escrito, falta a edição, previsão pra fevereiro de 2009)
Doppelganger (argumento feito, pré-produção, previsão pra maio de 2009)
The Bystander Effect
(idealizado apenas, previsão pra setembro de 2009)


Argh, títulos em português nem sempre soam bem. Bom, Salões Oníricos é um híbrido de Caché e 12:01. Samuel Saraiva é convidado a cometer um ato imoral e parece sofrer consequências existenciais ao ser forçadamente isolado do resto do mundo. Em O Vendilhão de Rumores, um forasteiro que afirma ser o próprio Diabo e faz comércio do paradigma local é desafiado por um
jovem astuto que pretende destroná-lo. Em Doppelganger, fortemente influenciado por Gus Van Sant, eu abandono um pouco o sobrenatural e mando ver no drama. A história é simples e de fácil identificação: um garoto de classe média passa a maior parte do seu tempo conectado à Internet e isso se torna um crescente escape em sua vida. Naturalmente, o contato com as pessoas do mundo externo se torna irreversivelmente frágil e algumas coisas se quebram. Por fim, O Efeito “Espectador” (putz, eu não vou traduzir esse título novamente) abordará um misterioso caso envolvendo esse interessante fenômeno psico-social.


É isso então.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Everybody leaves if they get a chance...



Hmm... New Jersey. Que tal?
Meu emprego tá tão fudido por aqui que eu decidi entrar em contato com meu sponsor. Daí, ele disse assim que arrumava outro emprego pra mim, mas seria em New Jersey!!! Pow, perfeito! O único problema é que eu não tenho como chegar lá =S

A passagem de avião é 350 dólares e ainda tem que levar mais 100 como "seguro" de que eu não destruirei o alojamento deles e não pagarei nada por isso. eu não tenho essa grana toda, e a oportunidade não seria melhor pra sair dessa porra de cidade gelada e finalmente ver uns prédios bem altos, pra variar.

Vou esperar e ver se o sponsor me empresta uma grana =)

Melhor do que continuar aqui com 5 dias de folga na semana...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Someone else is gonna come and clean it up

Então. Há quarenta dias vim pros EUA e já dá pra escrever um livro sobre como é viver aqui. Antes de mais nada, trabalho no Radisson Hotel, que fica no centro de Rapid City, Dakota do Sul. O trampo aqui não é tão puxado: eu trabalho de 5:30 am às 2:00 pm no restaurante do hotel no cargo de Host. Eu recebo os clientes e lhes indico um assento. Também atendo os telefonemas destinados à reservas e aos serviços de quarto. Isso é tudo. Quando há alguma festa ou outro evento que seja realizado num dos ballrooms do Radisson, sou escalado pra ajudar com a preparação do lugar e também para refreshing as mesas, tipo quando precisam de água ou quando terminam de rangar e é necessario tirar os pratos sujos da frente dos ricaços.

Existem alguns contratempos na minha rotina de trabalho, mas dois deles são os mais fodas de todos: a baixa demanda aqui no hotel tá acabando com minha carga de trabalho semanal: eu deveria trabalhar cinco dias por semana, mas por causa da falta de clientes tenho trabalhado quatro ou até mesmo três! O resultado disso é um pagamento bem menor do que eu esperava e muito mais ociosidade em casa. O segundo problema tem a ver com o fato do clima da cidade: como aqui é terrivelmente gelado, tem alguns dias que é impossivel sair de casa a pé... e eu moro a 25 minutos (caminhando) do local. Como aqui de noite o frio triplica e eu não tenho carro, fica muito complicado arrumar um segundo emprego, até porque eu chegaria em casa tarde da noite e precisaria acordar no dia seguinte às quatro da manhã.

Um fato realmente curioso tem sido a questão de se trabalhar num ambiente multilingue. É como se a fofoca pudesse ser mais disseminada, ahUahuhauahuahu!! Dá pra falar mal dos outros na cara deles e ainda ficar de boa... é muito hilário. Claro que a brincadeira não funciona com todos os funcionários: alguns poucos lá chegam a falar cinco linguas. E a interessante interseção disso tudo é o inglês. Eu me sinto quase constrangido ao ver ou lidar com algumas pessoas que foram trabalhar no hotel sem saber nada desse idioma. É como se eles ficassem sobrando quase o tempo todo, e eu simplesmente fico querendo saber o que leva uma pessoa a trabalhar no exterior (mesmo que seja por 3 meses e meio) sem saber ao menos perguntar aonde é o banheiro.