quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cogito Ergo Sum

Review sobre o episódio de FRINGE
se03e01: Olivia


Dentre as séries dramáticas que acompanho, uma das mais consistentes tem sido Fringe. Desde sua primeira temporada, lembro de ter assistido no máximo um ou dois episódios que eu tenha considerado "fraco". Portanto, é com uma certa euforia que retorno ao dilema de Olivia, Peter e Water neste terceiro ano da série.


Continuando praticamente no momento que terminou a season finale da segunda temporada, presenciamos nos primeiros minutos do capítulo de abertura a situação enfadonha que se encontra nossa heroína aprisionada na realidade paralela. Além de ter sido detida pelo "Walternativo", ela também tem recebido algumas doses de um composto que tem como objetivo transferir as memórias da alter-Olivia (que se encontra infiltrada na realidade "original") para ela própria; dessa maneira teríamos duas alter-Olívias circulando por aí. Somado à disposição do medicamento, Olivia também tem tido sessões com uma psicóloga para que seja convencida de que aquele mundo é o seu mundo verdadeiro, e que a noção de realidades paralelas seja apenas fruto da sua mente...

Quanto ao desenvolvimento deste primeiro episódio, o espectador não terá do que reclamar. O ritmo é bom, interessante e deixa algumas pistas do que está por vir. Fringe, aliás, é um drama de ficção-científica competente e confia na inteligência de sua audiência para a trama progredir sem parecer muito expositiva. Tome como exemplo aquela cena em que Olivia volta ao lar de sua mãe e acaba assimilando alguma das memória da sua contra-parte. Não existe emoção ali; o olhar dela ao ser abraçada releva mais confusão do que alívio. Eu posso apostar minhas fichas de que ela vai querer manter um low profile e fingir que a droga funcionou totalmente, e assim despistar a Divisão Fringe daquele mundo.

Que venha o próximo episódio. Ainda é cedo para especular tanto.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Superestimado


Review sobre o episódio de THE EVENT
se01e01: I Haven't Told You Everything


Neste fall season, um novo drama tomará conta da nossa curiosidade e da nossa paciência: The Event. Como o meu próprio título diz, a série mais superestimada da vez foi vendida para nada menos que 200 países antes mesmo de ter sua exibição na TV (!!!) e isso me faz lembrar uma regra de ouro para o cinema e para a telinha: não crie grandes expectativas quando se está para assistir algo. Quanto mais você espera, mais se decepciona se o produto não é aquilo que você pensava.

Com isso em mente, assisti ao episódio piloto de The Event, completamente livre de spoilers ou trailers. O veredicto é: a série empolga, mas nem tanto. Primeiramente, as comparações que surgiram acerca dela entre a falecida FlashForward e a iluminada LOST são grandes: conspirações, meias-verdades, flashbacks cansativos, ficção científica. Esta última foi um inegável sucesso devido ao desenvolvimento pontual de seus personagens; a outra, pela falta dessa mesma preocupação, não respirou mais do que apenas 20 episódios e foi cancelada. E então, até onde The Event conseguirá nadar?

Mas vamos à sinopse: Sean Walker, nosso herói, é perseguido no Aeroporto de Miami e toma seu vôo para São Paulo. Seu objetivo aparente é entrar em contato com o piloto da aeronave antes que uma tragédia ocorra. Por meio de flashbacks que surgem a cada 5 minutos (e que irritam!), descobrimos que o piloto, Michael Buchanan, é o futuro sogro do rapaz, e teve sua filha sequestrada enquanto o casal curtia um cruzeiro. Também somos apresentados ao presidente dos Estados Unidos, Elias Martinez, que descobre a existência de uma prisão ilegal no Alaska cujos peculiares detentos são de interesse primário da CIA. Dentre os detentos, temos Sophia Maguire, que guarda um segredo com proporções globais.

Como não pretendo entregar spoilers deste primeiro capítulo, garanto que algumas (poucas) coisas acontecem além do que é descrito na sinopse, e de fato são suficientes para prender a atenção do espectador até ao fim do episódio. O problema dessa nova aposta da NBC reside no tema já batido, e que precisará de uma boa mão para conseguir sobressair quando outras séries já enveredaram pelo mesmo caminho e pereceram.

Pretendo cobrir toda a primeira temporada da série, e a a partir do segundo capítulo mencionarei fatos mais específicos da trama. Se você tem interesse pelo gênero ficção-conspiração, acho que o esforço é válido neste fall season. Quem sabe a supervalorização de The Event dê certo mesmo?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mea Culpa

review sobre o episódio de Dexter
5.01 - "My Bad"


Depois de tantos meses, já não sei mais quantos exatamente, Dexter Morgan voltou. O período não só foi mais angustiante porque, nesse meio tempo, outros personagens de outras histórias me distraíram. Mas Setembro enfim chegou, e aquela noite de céu rubro também.

Rita está morta. A doce e linda Rita. Na última vez que a vimos ela estava um pouco intolerável, cobrava demasiado de seu marido. Mas se uma mulher tiver que morrer toda vez que encher o saco do homem, a raça humana não durará muito tempo. Com a morte de Rita, Dexter fica paralisado. Nenhuma lágrima escorre de seu rosto, que se mantêm congelado enquanto processa o fato de uma maneira distante, indiferente. As pessoas ao redor não acham apenas estranho, mas bizarro. Deb e Quinn principalmente. A falta de qualquer reação humana daquele pobre homem evidencia sua natureza distorcida, danificada.

Laguerta passa o caso para o FBI. Para ela, não há uma maneira fácil de lidar com todo o processo. O pessoal da Miami Metro não gosta muito da idéia, e o detetive Quinn começa a colocar o nariz onde não deve. Debra se preocupa com as questões funerárias, e mantém-se forte como pode para segurar a barra, mesmo que para isso tenha de ter uma transa repentina com seu parceiro do departamento.


Cody e Astor voltam da Disneylandia, e o chapéu de Mickey que eles trazem para a mamãe terá de ficar como souvenir, ou então ser queimado. A cena entre os garotos, seus avós e Dexter é debilitante. Lidar com a morte não é trabalho para qualquer um, e por mais que nosso protagonista a conheça muito bem, é incapaz de amenizar a notícia com palavras mais suaves. "Um homem entrou na nossa casa e... a matou". O último verbo sai com um som grave, mais distante que o habitual. Mesmo voltando a cena várias vezes, é imperceptível o movimento de seus lábios (tenho a impressão de que ele não disse nada; o que vimos foi uma sentença em off).

Ao final dos 50 minutos de projeção, Dexter pensa em fugir, queimar as evidências, desaparecer como seus sacos afundados. "90% dos casos em que a esposa é assassinada, o marido é o culpado, lembra-se?", afirma Quinn para Laguerta. Com uma estatística dessas, qualquer um pensa em fugir, mas o ato só confirma a responsabilidade de assassinato. Como desabafo, Dexter destrói um transeunte mal encarado num banheiro sujo no meio do nada. A atitude choca; nosso Dark Defender não costuma a agir tão inconsequente. Mas ele o faz, e durante o processo, derruba portas velhas e grita. Não chora; grita.

Dexter se recompõe para o funeral. Suas palavras sugerem que ele ficará por perto, para apoiar e ser apoiado por aqueles que estimam sua falecida esposa. O FBI também ficará.

E nós, espectadores, também.
Sim, porque nos identificamos com um matador em série.
E isso desperta aquela parte em nós no fundo que diz: eu não me importo.