sábado, 11 de fevereiro de 2012

Don't you agree? STFU

TOP TOP filmes 2011:


Outro ano, outras experiências. Aquela busca imprevisível de ser contemplado por alguma obra que faça qualquer sentido para você. Costumo ser pessimista durante o início dos anos em relação ao Cinema, principalmente até maio. A sensação é a de que não haverá nada de bom durante a temporada e os frutos da esperança parecem cair todos sobre os colos da TV, cada vez mais elaboradas com suas produções.

Mas, é claro... as cerejas do bolo são muitas vezes lançadas apenas em novembro e dezembro, ou fazem aparições mais ou menos tímidas em alguns festivais e tem uma distribuição ainda mais acanhada nas terras de cá.

Enfim, não quero divagar tanto. Aviso: minha lista dos melhores de 2011 incluem filmes que foram lançados no Brasil naquele ano ou que eu só consegui baixar nesse período. Como perceberão, ignorei completamente os indicados pro Oscar 2012, um dia se der tempo explico o motivo. Vejamos:

1. Drive
2. Melancholia
3. Blue Valentine (Namorados para Sempre)
4. Exit Through the Gift Shop
5. Warrior (Guerreiro)
6. Black Swan (Cisne Negro)

7. Buried (Enterrado Vivo)
8. Crazy, Stupid, Love (Amor à Toda Prova)
9. Midnight in Paris
10. The Fighter (O Lutad
or)

Começando com uma película dramática sob o viés dos ringues, O Lutador (The Fighter) espanca pela força de seus personagens, principalmente por mais um memorável papel de Christian Bale, tão raquítico quanto em O Maquinista. Woody Allen, por outro lado, aposta mais na força de um roteiro original e nos entrega Meia Noite em Paris (Midnight in Paris) como um tributo à Literatura Mundial, delicioso, viajado e intelectualmente prazeroso.

Em Cisne Negro (Black Swan), Darren Aronofsky confirma o que muitos dessa geração já sabem: a consistência de seu talento como cineasta. Natalie Portman é um acerto para o que se espera de um Cisne Branco e toda a transformação psicológica necessária para a autodescoberta/autodestruição. Com um clima mais alegre, Amor à toda Prova (Crazy, Stupid, Love) é o filme família que funciona; é provavelmente responsável pelo núcleo de personagens mais harmônico da temporada.

Enterrado Vivo (Buried) é um daqueles projetos que, intencionalmente ou não, buscam provar várias verdades para a já engessada Hollywood: boas histórias podem ser contadas no espaço de 80 minutos utilizando apenas uma caixa como cenário, sim! E apenas um ator, olha só que bacana!

Guerreiro (Warrior), mais outro filme da lista que usa o combate para narrar o drama de seus personagens, é impactante pela força com que Tom Hardy constrói seu personagem, e é justamente esse ator que vai sustentar o próximo Batman, guardem o que digo.

Exit Through the Gift Shop é um daqueles documentarios que falam por si mesmos, e nem por isso se tornam lições fúteis. Seja tudo um truque do genial Banksy ou um verdadeiro filme sobre o valor da arte, o que talvez mais importa a respeito dele é o juízo de valor que se atribui às coisas. Genial.

Blue Valentine é o segundo filme da lista que conta com Ryan Gosling, meu ator eternamente favorito. Assim como DiCaprio, Gosling sabe escolher os projetos que se pretende envolver, por isso não é novidade vê-lo em meus Tops. A crueza e a naturalidade contada em Blue Valentine encarnadas por Gosling e Michelle Williams, reforçadas pela espontaneidade do diretor Derek Cianfrane, desponta-o como um dos melhores do ano.

E então, mais uma vez, me esbarro com o mesmo dilema: a arte pela arte ou o cinema social? Drive ou Melancholia? Drive é robusto, ultraviolento, bebe de fontes como Oldboy, Irreversível e clássicos do Charles Bronson, maquiado com um audiovisual belíssimo que nos transporta para uma etérea Los Angeles, e conta com a presença do motorista sem nome, o herói do ano. Melancholia, por sua vez, não é menos arte que Drive. Lars Von Trier compôs talvez o mais belo poema sobre o fim do mundo transposto para o cinema (e olha que é difícil tirar Dogville...) e certamente um dos melhores trabalhos de sua carreira. Mas é também marcante os aspectos sociais desta obra, que travam uma discussão sobre Ciência x Paganismo x Cristianismo, ou as perspectivas de otimismo e pessimismo que servem não para educar, mas sim para suscitar perguntas.

De qualquer modo, duas obras impecáveis e perfeitas em suas propostas.

Mas, por esta lista ser pessoal e se tratar mais de favoritismo do que de juízo de valor (como dizer que um filme é melhor que o outro? Sob quais parâmetros?), Drive fica com o ouro.

Não tem jeito, anti-herois + Ryan Gosling + ultraviolência é o combo.

Até o Oscar 2012, pessoal!
(que, à propósito, foi um desastre esse ano).