quinta-feira, 22 de novembro de 2012

domingo, 15 de abril de 2012

Finding beauty in dissonance

"O silêncio frio tem uma tendência em atrofiar qualquer
sentimento de compaixão entre supostos amantes."

-Tool

domingo, 1 de abril de 2012

What goes around, comes around

review da segunda geração de Skins, temporadas 3 e 4

Louder, faster, crazier.

Toda continuação se preza em entregar um material mais bruto, inerente em sua constituição de romper os limites do ponto original. Em Skins, temporadas 3 e 4, destinadas à segunda geração de jovens, esta fórmula se faz presente e ressoa na cabeça do espectador como um alarme desenfreado. Que abram os portões do nonsense e pueril.


Skins, popular pelo retrato aparentemente distorcido de adolescentes de Bristol, Inglaterra, agride com sua impetuosidade: palavrões, bebedeira, drogas, sexo, irresponsabilidade. Personificando todo o caos, um núcleo competente de atores conduz a orquestra de suas vidas, dançando tropegamente a fase mais interessante do humano: a juventude.

"Sometimes I think I was born backwards. You know, come out my mum the wrong way. I hear words go past me backwards. The people I should love, I hate. And the people I hate..."

E para carregar um legado tão pesado e cerimonial, imaculado por Cassie, Chris, Tony e toda a turma da primeira geração, eis que surgem as novas faces dispostas não para imitar, mas para reinventar ao seu próprio estilo o que se concebe por Skins.

Do trio de mosqueteiros, Freddie é o skatista, o cara de sentimentos profundos e reticentes. Apesar de se entregar às indulgências, tem um enorme auto-controle e representa o eixo do grupo. Cook, em contrapeso, é a desordem, é a ausência plena do futuro, um adolescente verborrágico, barulhento e que não compreende muito as leis de causa e consequência que regem a própria sociedae. Para fechar este grupo, JJ é a cola. Precocemente concebido como o novo Sid, sua singularidade de garoto autista, mágico e gênio tornam-o facilmente um dos favoritos da temporada.

Do lado feminino, prato cheio. Pandora está de volta, vivendo em sua própria bolha cuidadosamente costurada por mãos maternas. As gêmeas Katie e Emily são definitavemente pérolas de beleza e naturalidade, e sempre roubam a cena quando o assunto é sex appeal. Naomi, a revoltada, aparece como uma pedra no sapato logo nos primeiros minutos, mas é muito mais do que um estereótipo ranzinza. E por fim, Effy, a enigmática irmã de Tony, também retorna para performar um dos papeis adolescentes mais interessantes desta década.

Do time de outsiders, Thomas, o imigrante do Congo, traz consigo cavalheirismo e porte.

Logo durante o primeiro capítulo do terceiro ano, alguns pontos se estabelecem em contraste com a geração anterior:

- O elenco parece menos maduro;
- As tramas são mais surreais;
- O colégio tem maior destaque.

Estes ingredientes, definidores da segunda geração de Skins, consolida meus dizeres de posts anteriores sobre o poder de auto-crítica do próprio programa, que sabe que anda na linha tênue do inverossímil e surreal, mas ainda assim, em meios a sarcasmos, trivializações e vulgaridades, nos entrega dramas críveis, munidos de sentimentos que transbordam das expressões e das falas dos personagens.

"I’m a fucking waste of space. Just a stupid kid. I got no sense. A criminal. I’m no fucking use. I am nothing. So please... please... get it into your...you know...into your bonce....That... I’m Cook!"

Se você, que temia que o novo núcleo não fosse tão agradável quanto o primeiro, fique tranquilo. Acertadamente, esta nova fase de Skins tem sua própria identidade, seu próprio ritmo. Baixem sem medo.

terça-feira, 6 de março de 2012

I've got another confession, my friend...

Review sobre o documentário do Foo Fighters: Back and Forth (2011)

Quando me indicaram o documentário do Foo Fighters: Back and Forth, lembro-me de postergar por várias semanas até finalmente tomar um tempo e assistí-lo. Diga-se de passagem, fiz a mesma coisa quando vi pela primeira vez Clube da Luta, e... nossa. Que sirva de lição esperar tanto tempo para ver filmes tão bons!


Este projeto, que trata do início da carreira de Dave Grohl como líder de sua nova banda, atrairá tanto aqueles que já são fãs de seu trabalho como também aqueles que conhecem apenas alguns hits como All My Life, Learn to Fly, Times Like These and Big Me. Independente, a construção e a clareza da narrativa coloca esses dois grupos de espectadores num mesmo balaio, pois oferta informações desconhecidas até para o mais ferrenho fã como também traz um panorama para quem pouco conhece a banda.

E assim, sob o estandarte daqueles que não conhecem os bastidores da banda de Grohl, conferi o trabalho. A primeira coisa que se pensa ao associar Nirvana e Foo Fighters é que Dave em algum momento deu a volta por cima após o suicídio de Kurt, seguiu uma direção mais fanfarrona e montou sua banda (vide os clipes do FF). E é basicamente o que mostra na tela nos primeiros 15 minutos de produção!

Contudo, mais marcante do que supor a trajetória do músico é conhecer mais seu lado humano e notar sua reação em diversas situações demonstradas no documentário, entre elas:

1- A notícia da morte de Kurt;
2- A angústia de ser sempre associado ao Nirvana no início do FF;
3- A decisão repentina de regravar todas as faixas da bateria do álbum The Colour and the Shape, a despeito da opinião do bateirista da banda na época, William Goldsmith;
4- A aceitação de que por algum motivo mágico, o FF não conseguia capturar um membro para sua banda por muito tempo;
5- O concerto no estádio de Wembley que, no auge da música Best of You, Grohl não aguenta e chora de felicidade.

Dave, ao longo da película, se manifesta como um cara sensato, um líder esforçado e que tem muita noção da identidade da banda que criou. E ainda mais, é um cara extremamente criativo, principalmente durante o processo de produção do Wasting Light, em que ele, para compor uma das faixas do álbum, pede cinco minutos para escrever uma letra qualquer e que atenda, sob suas próprias palavras, o tal do lixo fonético.

Foo Fighters: Back and Forth, é um tocante registro do construir a música, tanto no sentido comercial quanto no criativo. É um bonito retrato audiovisual de uma das bandas mais interessantes dos anos 90, e que está na estrada, ainda hoje, lançando trabalhos cada vez mais primorosos. Sem pieguices ou meias palavras, é um retrospecto da vida deste cara caristmático que é o Dave Grohl, e como suas escolhas foram determinantes para que hoje escutemos em nossos mp3 players e ipods baladinhas como Everlong, The Pretender, Big Me...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Don't you agree? STFU

TOP TOP filmes 2011:


Outro ano, outras experiências. Aquela busca imprevisível de ser contemplado por alguma obra que faça qualquer sentido para você. Costumo ser pessimista durante o início dos anos em relação ao Cinema, principalmente até maio. A sensação é a de que não haverá nada de bom durante a temporada e os frutos da esperança parecem cair todos sobre os colos da TV, cada vez mais elaboradas com suas produções.

Mas, é claro... as cerejas do bolo são muitas vezes lançadas apenas em novembro e dezembro, ou fazem aparições mais ou menos tímidas em alguns festivais e tem uma distribuição ainda mais acanhada nas terras de cá.

Enfim, não quero divagar tanto. Aviso: minha lista dos melhores de 2011 incluem filmes que foram lançados no Brasil naquele ano ou que eu só consegui baixar nesse período. Como perceberão, ignorei completamente os indicados pro Oscar 2012, um dia se der tempo explico o motivo. Vejamos:

1. Drive
2. Melancholia
3. Blue Valentine (Namorados para Sempre)
4. Exit Through the Gift Shop
5. Warrior (Guerreiro)
6. Black Swan (Cisne Negro)

7. Buried (Enterrado Vivo)
8. Crazy, Stupid, Love (Amor à Toda Prova)
9. Midnight in Paris
10. The Fighter (O Lutad
or)

Começando com uma película dramática sob o viés dos ringues, O Lutador (The Fighter) espanca pela força de seus personagens, principalmente por mais um memorável papel de Christian Bale, tão raquítico quanto em O Maquinista. Woody Allen, por outro lado, aposta mais na força de um roteiro original e nos entrega Meia Noite em Paris (Midnight in Paris) como um tributo à Literatura Mundial, delicioso, viajado e intelectualmente prazeroso.

Em Cisne Negro (Black Swan), Darren Aronofsky confirma o que muitos dessa geração já sabem: a consistência de seu talento como cineasta. Natalie Portman é um acerto para o que se espera de um Cisne Branco e toda a transformação psicológica necessária para a autodescoberta/autodestruição. Com um clima mais alegre, Amor à toda Prova (Crazy, Stupid, Love) é o filme família que funciona; é provavelmente responsável pelo núcleo de personagens mais harmônico da temporada.

Enterrado Vivo (Buried) é um daqueles projetos que, intencionalmente ou não, buscam provar várias verdades para a já engessada Hollywood: boas histórias podem ser contadas no espaço de 80 minutos utilizando apenas uma caixa como cenário, sim! E apenas um ator, olha só que bacana!

Guerreiro (Warrior), mais outro filme da lista que usa o combate para narrar o drama de seus personagens, é impactante pela força com que Tom Hardy constrói seu personagem, e é justamente esse ator que vai sustentar o próximo Batman, guardem o que digo.

Exit Through the Gift Shop é um daqueles documentarios que falam por si mesmos, e nem por isso se tornam lições fúteis. Seja tudo um truque do genial Banksy ou um verdadeiro filme sobre o valor da arte, o que talvez mais importa a respeito dele é o juízo de valor que se atribui às coisas. Genial.

Blue Valentine é o segundo filme da lista que conta com Ryan Gosling, meu ator eternamente favorito. Assim como DiCaprio, Gosling sabe escolher os projetos que se pretende envolver, por isso não é novidade vê-lo em meus Tops. A crueza e a naturalidade contada em Blue Valentine encarnadas por Gosling e Michelle Williams, reforçadas pela espontaneidade do diretor Derek Cianfrane, desponta-o como um dos melhores do ano.

E então, mais uma vez, me esbarro com o mesmo dilema: a arte pela arte ou o cinema social? Drive ou Melancholia? Drive é robusto, ultraviolento, bebe de fontes como Oldboy, Irreversível e clássicos do Charles Bronson, maquiado com um audiovisual belíssimo que nos transporta para uma etérea Los Angeles, e conta com a presença do motorista sem nome, o herói do ano. Melancholia, por sua vez, não é menos arte que Drive. Lars Von Trier compôs talvez o mais belo poema sobre o fim do mundo transposto para o cinema (e olha que é difícil tirar Dogville...) e certamente um dos melhores trabalhos de sua carreira. Mas é também marcante os aspectos sociais desta obra, que travam uma discussão sobre Ciência x Paganismo x Cristianismo, ou as perspectivas de otimismo e pessimismo que servem não para educar, mas sim para suscitar perguntas.

De qualquer modo, duas obras impecáveis e perfeitas em suas propostas.

Mas, por esta lista ser pessoal e se tratar mais de favoritismo do que de juízo de valor (como dizer que um filme é melhor que o outro? Sob quais parâmetros?), Drive fica com o ouro.

Não tem jeito, anti-herois + Ryan Gosling + ultraviolência é o combo.

Até o Oscar 2012, pessoal!
(que, à propósito, foi um desastre esse ano).