5.01 - "My Bad"
Depois de tantos meses, já não sei mais quantos exatamente, Dexter Morgan voltou. O período não só foi mais angustiante porque, nesse meio tempo, outros personagens de outras histórias me distraíram. Mas Setembro enfim chegou, e aquela noite de céu rubro também.
Rita está morta. A doce e linda Rita. Na última vez que a vimos ela estava um pouco intolerável, cobrava demasiado de seu marido. Mas se uma mulher tiver que morrer toda vez que encher o saco do homem, a raça humana não durará muito tempo. Com a morte de Rita, Dexter fica paralisado. Nenhuma lágrima escorre de seu rosto, que se mantêm congelado enquanto processa o fato de uma maneira distante, indiferente. As pessoas ao redor não acham apenas estranho, mas bizarro. Deb e Quinn principalmente. A falta de qualquer reação humana daquele pobre homem evidencia sua natureza distorcida, danificada.
Laguerta passa o caso para o FBI. Para ela, não há uma maneira fácil de lidar com todo o processo. O pessoal da Miami Metro não gosta muito da idéia, e o detetive Quinn começa a colocar o nariz onde não deve. Debra se preocupa com as questões funerárias, e mantém-se forte como pode para segurar a barra, mesmo que para isso tenha de ter uma transa repentina com seu parceiro do departamento.
Cody e Astor voltam da Disneylandia, e o chapéu de Mickey que eles trazem para a mamãe terá de ficar como souvenir, ou então ser queimado. A cena entre os garotos, seus avós e Dexter é debilitante. Lidar com a morte não é trabalho para qualquer um, e por mais que nosso protagonista a conheça muito bem, é incapaz de amenizar a notícia com palavras mais suaves. "Um homem entrou na nossa casa e... a matou". O último verbo sai com um som grave, mais distante que o habitual. Mesmo voltando a cena várias vezes, é imperceptível o movimento de seus lábios (tenho a impressão de que ele não disse nada; o que vimos foi uma sentença em off).
Ao final dos 50 minutos de projeção, Dexter pensa em fugir, queimar as evidências, desaparecer como seus sacos afundados. "90% dos casos em que a esposa é assassinada, o marido é o culpado, lembra-se?", afirma Quinn para Laguerta. Com uma estatística dessas, qualquer um pensa em fugir, mas o ato só confirma a responsabilidade de assassinato. Como desabafo, Dexter destrói um transeunte mal encarado num banheiro sujo no meio do nada. A atitude choca; nosso Dark Defender não costuma a agir tão inconsequente. Mas ele o faz, e durante o processo, derruba portas velhas e grita. Não chora; grita.
Dexter se recompõe para o funeral. Suas palavras sugerem que ele ficará por perto, para apoiar e ser apoiado por aqueles que estimam sua falecida esposa. O FBI também ficará.
E nós, espectadores, também.
Sim, porque nos identificamos com um matador em série.
E isso desperta aquela parte em nós no fundo que diz: eu não me importo.
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