Cotação: *****
"Companheirismo, o quarto mito da realidade:
Conforme mudam as marés da guerra, mudam também as lealdades."
Conforme mudam as marés da guerra, mudam também as lealdades."
2010 foi um ano que marcou inevitavelmente meu interesse sobre seriados. Pensando paralelamente, tenho certeza de que dei mais atenção à TV do que ao Cinema nesses últimos doze meses, e se antes esse tipo de atitude eu classificaria como uma traição pessoal, hoje me considero orgulhoso por ter encontrado essa forma de arte e entretenimento.
Dito isso, com a chegada do Fall Season americano em setembro, senti como um órfão por não ter mais episódios inéditos de LOST. Ao folhear por outros títulos na esperança de aplacar minha necessidade, encontrei vários textos de qualidade no cenário nacional, como é o caso do Série Maníacos e do Séries em Série - assinado pela sempre ácida e bem humorada Camis Barbieri – sobre uma em particular: Sons of Anarchy.
Criada por Kurt Sutter e lançada no canal FX em setembro de 2008, a obra trata de um clube de motoqueiros que vive na fictícia Charming, cidadezinha do norte da Califórnia. O grupo, presidido por Clay Morrow e seu stepson Jax Teller mantém forte influência no local, espalhando sua rede de contatos nos estabelecimentos e inclusive na polícia. Por debaixo dos panos, os motoqueiros faturam com contrabando de armas, e assim conquistam aliados que possam comprar seus produtos e atraem inimigos que querem tomar seus negócios.
Até o presente momento a série conta com 3 temporadas de 13 capítulos cada, e uma renovação para o quarto ano já foi confirmada. A audiência do programa nos EUA atestou sua popularização e qualidade, dados os altos índices que cada capítulo levanta pros lados de lá.
Ontem terminei de assistir à primeira temporada do show. E admito que se estivesse diante de um tribunal, confirmaria, com a mão direita sobre a Bíblia, que Sons of Anarchy já entrou pro meu TOP 10 Séries com folga. Assim, preparei cinco motivos para que você, leitor, comece a assisti-la desde já:
1) A TV, ao contrário do Cinema, teoricamente tem mais tempo para dedicar ao desenvolvimento de seus personagens. Em Sons of Anarchy isto é imperativo: todo o clube de motoqueiros é abordado de maneira interessante durante os 13 primeiros capítulos, fazendo com que seus integrantes, suas esposas e namoradas – inclusive seus aliados e inimigos – pareçam orgânicos e multidimensionais. Jax, por exemplo, faz o típico Bad Boy protagonista numa primeira vista, mas numa questão de capítulos seu estereótipo é desconstruido tal como vimos ocorrer com Sawyer em LOST, tornando-o assim mais "humano".
2) O roteiro é brilhante. Primeiro porque não trata o espectador como um idiota, assim o exercício de assistir é desafiador e chamativo. Segundo porque é como se a história da primeira temporada tivesse sido criada inteiramente e filmada somente depois de ficar pronta, dessa maneira todos os elementos em cena ganham relevância com a progressão da narrativa.
3) Katey Segal é uma atriz de mão cheia. Sua personagem Gemma, a mulher do chefe, já faz valer a viagem. Segal foi indicada a alguns prêmios de melhor atriz pela série. Merecidíssimo.
4) Várias produções pra TV infelizmente não arriscam, seja por medo de desagradar o público, a crítica, ou simplesmente porque os escritores não sabem como fazê-lo. Em Sons of Anarchy não é o caso. Espere por cenas imprevisíveis, diálogos inteligentes e situações que transformam a narrativa de maneira irreversível.
5) Os temas que a série se propõe a tratar são bons e bem desenvolvidos. Seja a família dos motoqueiros que sempre preza a união, seja a noção de fins justificarem os meios ou, ainda, o conceito distorcido de anarquia que os membros do clube trazem consigo em suas mentes, costas e coletes.
Um verdadeiro fora-da-lei encontra o equilíbrio entre
a paixão em seu coração e a razão em sua mente. O resultado
é a combinação perfeita de força e dever.
a paixão em seu coração e a razão em sua mente. O resultado
é a combinação perfeita de força e dever.
Sons of Anarchy é uma daquelas obras "must see". Vivemos em uma época em que o Cinema está estagnado com filmes que possuem três, quatro, cinco continuações e o lucro parece mais uma força oposta à qualidade. Com a TV isso também ocorre: nos canais abertos somente aqueles shows que dão audiência sobrevivem, ou seja, a popularidade de uma obra há muito tomou para si o sinônimo de genialidade. Com sorte, algumas ainda mantém intacta o que ser “bom” realmente significa, e assim reafirmo com sem pestanejar que Sons of Anarchy é uma delas.
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