domingo, 14 de novembro de 2010

How to stop a Fall

Review sobre os episódios de DEXTER
5.06 - Everything is Illuminated
5.07 - Circle of Us

Nós vimos as sombras da luz da manhã
As sombras do sol crepuscular
até que sombras e luz se tornaram um só.
- Jane’s Addiction, Three Days

Lumen Pierce. “A luz que perfura”. No cinema ou em qualquer outro veículo capaz de contar estórias, a escolha de nomes sempre servirá a um propósito maior. Em Dexter, Lumen se justapõe ao Dark Passenger e juntos dão origem a uma nova síntese em Miami. Everything is Illuminated é um daqueles episódios em que um crescendo toma conta da atenção do espectador até que o clímax ocorre, e a expressão unânime dos espectadores deve ser: “puta que o pariu!”.

Compartimentalização é uma piada.
Chamas sempre escapam pelas construções,
não importa quão bem seladas suas partes estão.
A vida também é assim.

Ver Dexter e Lumen trabalhando juntos evoca uma emoção muito maior do que na época de Miguel Prado. Com o sexto episódio, aliás, perdi qualquer insegurança quanto à garota: suas deduções sempre foram incertas, e por conta disso Dexter estava sob constante de perigo de caçar os indivíduos errados. Mas finalmente as coisas estão nos trilhos e Pierce consegue dar detalhes precisos sobre seus molestadores (pensando bem, o que tem de preciso em um homem de relógio e outro que sempre dobra seu paletó?)

O episódio quase em sua totalidade foi dedicado à dupla dinâmica, a propósito. Pouco se adiantou no no caso de Quinn e suas investigações, bem como a caçada aos irmãos fuentes. Não leve isso como uma crítica negativa, caro leitor. Às vezes o que é mais pontual e importante deve ser tratado com prioridade.

Após a conclusão do capítulo da semana (que, repito, deixou todos de boca aberta com seu clímax), era normal de se esperar que o nível da temporada se mantivesse. Particularmente, em 5.07 – Circle of Us – eu tive a sensação de que a qualidade foi proporcional, mas naturalmente com um ritmo menos frenético que o do anterior.

Isso não quer dizer que a trama não se desenvolveu. Pelo contrário: em 5.07 o caso Fuentes toma um rumo inesperado com a operação arriscada promovida por Laguerta, e que certamente trará maiores repercussões para sua carreira. Não acho que ela deveria passar por um momento tão difícil agora, levando em conta que perdeu seu amigo Doakes no segundo ano, sua amiga juíza no terceiro, e teve diversas complicações para assumir seu romance com Angel no quarto ano.

Debra é outra amargurada. Com uma sucessão de relacionamentos fracassados, é com grande pesar que vemos ela tirar a roupa para um otário como o Quinn. Digo, ou ele terminará num saco plástico ou decepcionará muito a garota quando ela souber a verdadeira natureza de seu meio-irmão por intermédio dele. Ah, falando nisso, mudo minhas apostas: Ao final de toda a série já se pode esperar que Dexter será pego ou assassinado. Mas acredito fervorosamente que Lumen continuará com o legado, tal qual aconteceu com Amanda e Jigsaw em Jogos Mortais.

Por fim, mas não menos importante, temos o caso Lumen & Dexter que se desenvolve de maneira peculiar. Destaque especial para a cena dos barris na estrada: Uau! A sensação evocada pela sequência, mais uma vez, é de que estamos revisitando a primeira temporada (genial como esse recurso tem repercutido por todo o quinto ano). Mas enfim, o grupo denunciado pela Lumen ganha um rosto e se declara como Jordan Chase (aquele homem dos áudios de auto-ajuda que Boyd escutava) e seu guarda-costas Cole. Big deal...

Fato é que não existe ainda um perigo iminente no horizonte. Isso também aconteceu no terceiro ano da série, mas naquela época alguns capítulos beiravam o tédio. A ausência de alguém de peso como Doakes, Lundy ou Trinity pode levar alguns a pensarem que a série está demorando a engrenar, e até certo ponto estão corretos. Eu esperava um rumo diferente de Dexter; esperava-o muito mais sombrio depois do assassinato da Rita. Isso não aconteceu, em grande parte, por causa de Lumen. Ela não somente é sua nova “sister-in-arms”, como também vem tomando o lugar da falecida ao usufruir da mesma banheira, da mesma casa na qual Dexter construiu sua identidade humana.

Nosso anti-herói, ao fim do capítulo, traz Harrison para visitar a loira.
Por isso, aposto alguns níqueis que em um ou dois episódios no máximo eles vão transar.
Certo?

That's Classic! Hilarious!

review sobre o episódio 2.01 de Misfits


Um esquisito que se torna invisível. Uma gostosa que atrai os machos para o sexo quando os toca (como se precisasse disso). Um atleta capaz de voltar no tempo. Uma loira “maria-homem” telepata cujo sotaque é indecifrável. Um pivete boca-suja, tirador de onda e imortal. Imortal!

Misfits está de volta. Em 2009 esta série britânica surgiu no canal E4 e, ao contrário da americana Heroes, ela foi lançada sem maiores pretensões. A auto-ironia, aliás, faz parte de obras pós-modernas: um de seus personagens, no primeiro capítulo do primeiro ano, afirma “que obviamente numa questão de semanas os superpoderes da galera já terão desaparecido, e tudo voltará a ser a mesma merda que era antes”. Com apenas 6 episódios, ela contou uma história divertida sobre cinco delinquentes que deveriam prestar serviço comunitário por terem “pisado na bola”. Uma estranha chuva de gelo, entretanto, conferiu a eles poderes supernaturais, assim como outros daquela mesma cidade. E ao invés de tentarem salvar o mundo de grandes corporações ou de antagonistas com ilusões de grandeza, eles só querem fazer o que todo adolescente quer: sexo, bebidas, companhia, farra. Claro, regado ao som de músicas mais que apropriadas e uma câmera trôpega que nos convida a ver sempre além do que se mostra.

O retorno do mais novo episódio é quase imediatista e óbvio: o resgate de Nathan ocorre exatamente como muita gente previu. Mas ao passar de 5 minutos, o espectador se pergunta: afinal, qual será mesmo a trama da nova temporada? Tudo bem, Simon guarda num freezer a última “Probation worker” e precisa se livrar do corpo dela, mas o que há realmente de novo? A verdade é que Misfits não trabalha desta maneira. Seus episódios, apesar de apresentarem ganchos e uma storyline coesiva, são relativamente independentes. Neste primeiro temos o caso de uma antiga conhecida de Simon, que usa seus próprios poderes de maneira muito interessante e causa muita dor de cabeça para o grupo. Há também o retorno do Mascarado do Parkour, que dá a dica que Nathan está vivo e salva o traseiro de Curtis em um momento crítico do episódio. Mas o que se espera mesmo de Misfits?

O desenvolvimento dos personagens, acima de tudo. Nathan, no final das contas, não é um completo idiota. Kelly já percebeu isso e está apaixonada por ele. Em outra esfera, Simon se impõe cada vez mais, até talvez a ponto de ser tratado como “igual”. E por fim, Curtis e Alisha ainda não podem dar uns amassos, mas até quando um relacionamento desses dura?

Também não serei pseudo-intelectual o suficiente em dizer que só isso basta. Na verdade, uma das coisas que mais me atrai na série são as besteiras que Nathan fala sempre quando abre sua boca. Suas tiradas são impagáveis, e assim como Sheldon Cooper em The Big Bang Theory, o maior sustento de Misfits se encontra na performance incrível do protagonista.

Talvez não seja por menos que a série ganhou o prêmio de melhor drama fantástico da TV britânica no ano passado.


PS: alguém sabe o nome da primeira música que toca neste capítulo? (não me refiro a da abertura, claro ¬¬)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Toda Luz Invoca uma Sombra

review sobre os episódios de DEXTER
5.04 - Beauty and the Beast
5.05 - First Blood

Uma vez mais Dexter é exposto. Uma vez mais o Dark Passenger tem sua chance de sair daquele canto escuro e se apresentar ao mundo. Sua voz grave é sutil e não passa a confiança necessária para conquistar a jovem Lumen (nome sugestivo), sobrevivente das presas de Boyd e testemunha da verdadeira face de Dexter. No cativeiro, a bela e a besta se combatem para chegar a um entendimento final. a garota consegue escapar, mas o Dark Passenger é implacável. Ele a toma pelo braço no meio do matagal e a leva ao pantâno dos barris, local já visitado na série. Dexter então fala sobre Rita e sua raison d'être. A faca invertida entregada a Lumen se torna símbolo máximo de cumplicidade. O preço que a garota cobra é barato: uma gota de sangue.



Na marina da cidade luz e sombra se encontram. O Dark Passenger, sem sucesso, implora para que a menina volte à sua terra natal, mas ela está obstinada a tirar a vida daqueles que a colocaram nessa situação indigna. Reparem como Lumen evita o toque masculino; Dexter não consegue sequer levar sua mão até ao ombro dela. Sua hipersensibilidade só pode ser explicada pelos constantes abusos que veio a sofrer em Miami, e é a partir de uma caçada amadora que ela encontra um falso molestador. A arma apontada é interceptada pela escuridão; Dexter consegue evitar uma tragédia e de quebra convence Lumen a tomar o primeiro vôo de volta a Minnesota.

Na mesma Miami, outras personagens também lidam com o problema de confiança. O Homem da Corregedoria surge no departamento de polícia e comunica particularmente à Laguerta que Angel pode perder o emprego e até mesmo ser preso pelo que fez ao outro policial no bar. O roteiro então nos leva a calçar os sapatos de Angel, pois a converssa entre a chefe e o corregedor, seguido da ansiedade da Laguerta e de suas desculpas de precisar chegar tarde em casa colocam o hispânico na mais cruel das realidades: a traição. Sua insegurança pela parceira e seu senso de propriedade o colocam no encalço da verdade, e ele a persegue assim como o carro de McCourt e a caroneira Laguerta. Inesperado, pelo menos por mim, foi a conclusão do caso (que não pretendo aqui contar).



Os highlights restantes ficam na imbecil caçada aos irmãos Fuentes pela detetive Morgan e seu estúpido plano de invadir sozinha uma sala secreta da casa suspeita. Bravo, Morgan! Igualmente decepcionante foi a tentativa frustrante e frustrada de Quinn em descobrir a identidade de Kyle Butler ao mostrar o retrato falado para o filho dos Mitchell, que estava sob escolta policial numa loja de conveniência. Quando o garoto estava pra abrir a boca, o maldito escoltador aponta sua arma para Quinn, que leva suspensão não remunerada por Laguerta. O espectador também leva suspensão quanto à revelação de Kyle.

A primeira parte da temporada está perto do fim e as peças do tabuleiro foram expostas. Meus palpites são:

- Lumen não morrerá, ao contrário das outras pessoas que descobriram a identidade de Dexter. Na verdade, talvez ela até venha a ser um futuro par romântico do protagonista.

- Quanto mais capítulos passam, mais evidentes ficam os mistérios em torno da babá de Harrison. Se continuar assim, acho que o caso dela vai se amarrar como o de Angel: nem tudo é o que parece.

- Dexter não consegue olhar pra Harrison e não ver um potencial serial killer. A cena no parquinho é ótima e serve de prenúncio para o filho do Dark Passenger (que também é colocado em evidência nos livros da série). Talvez a série termine mesmo com o protagonista sendo assassinado ou preso, mas deixando a semente do Mal representada pelo garoto.

Para fechar a review, coloco aqui uma das reflexões de Dexter sobre a vida - cujo ápice da inspiração permaneceram apenas na primeira e segunda temporadas. Até logo!


Arco-íris são uma ilusão.
Luz refratada para nos fazer pensar que
há algo lá, quando de fato não existe coisa alguma.