domingo, 26 de dezembro de 2010

A Pólvora, A Traição e o Esquema das Coisas

review sobre a primeira temporada de SONS OF ANARCHY
Cotação: *****

"Companheirismo, o quarto mito da realidade:
Conforme mudam as marés da guerra, mudam também as lealdades."

2010 foi um ano que marcou inevitavelmente meu interesse sobre seriados. Pensando paralelamente, tenho certeza de que dei mais atenção à TV do que ao Cinema nesses últimos doze meses, e se antes esse tipo de atitude eu classificaria como uma traição pessoal, hoje me considero orgulhoso por ter encontrado essa forma de arte e entretenimento.


Dito isso, com a chegada do Fall Season americano em setembro, senti como um órfão por não ter mais episódios inéditos de LOST. Ao folhear por outros títulos na esperança de aplacar minha necessidade, encontrei vários textos de qualidade no cenário nacional, como é o caso do Série Maníacos e do Séries em Série - assinado pela sempre ácida e bem humorada Camis Barbieri – sobre uma em particular: Sons of Anarchy.

Criada por Kurt Sutter e lançada no canal FX em setembro de 2008, a obra trata de um clube de motoqueiros que vive na fictícia Charming, cidadezinha do norte da Califórnia. O grupo, presidido por Clay Morrow e seu stepson Jax Teller mantém forte influência no local, espalhando sua rede de contatos nos estabelecimentos e inclusive na polícia. Por debaixo dos panos, os motoqueiros faturam com contrabando de armas, e assim conquistam aliados que possam comprar seus produtos e atraem inimigos que querem tomar seus negócios.

Até o presente momento a série conta com 3 temporadas de 13 capítulos cada, e uma renovação para o quarto ano já foi confirmada. A audiência do programa nos EUA atestou sua popularização e qualidade, dados os altos índices que cada capítulo levanta pros lados de lá.

Ontem terminei de assistir à primeira temporada do show. E admito que se estivesse diante de um tribunal, confirmaria, com a mão direita sobre a Bíblia, que Sons of Anarchy já entrou pro meu TOP 10 Séries com folga. Assim, preparei cinco motivos para que você, leitor, comece a assisti-la desde já:

1) A TV, ao contrário do Cinema, teoricamente tem mais tempo para dedicar ao desenvolvimento de seus personagens. Em Sons of Anarchy isto é imperativo: todo o clube de motoqueiros é abordado de maneira interessante durante os 13 primeiros capítulos, fazendo com que seus integrantes, suas esposas e namoradas – inclusive seus aliados e inimigos – pareçam orgânicos e multidimensionais. Jax, por exemplo, faz o típico Bad Boy protagonista numa primeira vista, mas numa questão de capítulos seu estereótipo é desconstruido tal como vimos ocorrer com Sawyer em LOST, tornando-o assim mais "humano".

2) O roteiro é brilhante. Primeiro porque não trata o espectador como um idiota, assim o exercício de assistir é desafiador e chamativo. Segundo porque é como se a história da primeira temporada tivesse sido criada inteiramente e filmada somente depois de ficar pronta, dessa maneira todos os elementos em cena ganham relevância com a progressão da narrativa.

3) Katey Segal é uma atriz de mão cheia. Sua personagem Gemma, a mulher do chefe, já faz valer a viagem. Segal foi indicada a alguns prêmios de melhor atriz pela série. Merecidíssimo.

4) Várias produções pra TV infelizmente não arriscam, seja por medo de desagradar o público, a crítica, ou simplesmente porque os escritores não sabem como fazê-lo. Em Sons of Anarchy não é o caso. Espere por cenas imprevisíveis, diálogos inteligentes e situações que transformam a narrativa de maneira irreversível.

5) Os temas que a série se propõe a tratar são bons e bem desenvolvidos. Seja a família dos motoqueiros que sempre preza a união, seja a noção de fins justificarem os meios ou, ainda, o conceito distorcido de anarquia que os membros do clube trazem consigo em suas mentes, costas e coletes.




Um verdadeiro fora-da-lei encontra o equilíbrio entre
a paixão em seu coração e a razão em sua mente. O resultado
é a combinação perfeita de força e dever.

Sons of Anarchy é uma daquelas obras "must see". Vivemos em uma época em que o Cinema está estagnado com filmes que possuem três, quatro, cinco continuações e o lucro parece mais uma força oposta à qualidade. Com a TV isso também ocorre: nos canais abertos somente aqueles shows que dão audiência sobrevivem, ou seja, a popularidade de uma obra há muito tomou para si o sinônimo de genialidade. Com sorte, algumas ainda mantém intacta o que ser “bom” realmente significa, e assim reafirmo com sem pestanejar que Sons of Anarchy é uma delas.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Does Dex have what it takes?

Review sobre o season finale de DEXTER
5.12 - The Big One

Depois de um final de período apertado, estou de volta.

Dexter chegou ao fim de mais um ano. Assim como para muitos, creio saldo ftenha sido positivo. Tivemos uma temporada equilibrada, capítulos coesos e uma trama que pretendia desembocar num season finale que faria jus ao legado de Trinity Killer e a morte de Rita.

Faria.



Infelizmente, esperei muito mais do que a conclusão ofereceu de facto. Enquanto assistia ao 12º capítulo de Dexter, pensei na dificuldade e, que os roteiristas devem ter para esticar a história, já que para fazê-lo eles tem tido receio em alterá-la. Em cinco anos de show, definitivamente a mudança mais brusca ocorrida foi durante o season finale da quarta temporada (acho que o destino de Doakes também foi impactante). Mas em relação a este último ano, tudo se convergia para que a vida de Dexter se transformasse novamente e de maneira irreversível. Quais mudanças seriam essas?

1) Lumen e Dexter como um casal. Após a morte de Jordan Chase, eles teriam que lidar com suas vidas a dois, algo que não seria nada fácil. Ela talvez ajudaria Dexter com o “lixo” de Miami, ou então não se intrometeria nos assuntos do Dark Passenger e seria uma cúmplice "passiva" de seu amante.

2) Debra flagraria o irmão e sua comparsa enquanto matavam Chase. Para o bem da série, provavelmente a boca-suja não o denunciaria, mas provavelmente teria dificuldades em se relacionar com Dexter novamente. Debra poderia ligar os pontos e entender que seu irmão foi responsável pela morte de Doakes e muitos outros, o que dificultaria ainda mais uma reconciliação entre eles.

3) Quinn saberia exatamente sobre as atividades da dupla vida de Dexter. Mesmo com as fotos e a morte de Liddy, todas as evidências são circunstanciais, mas se Quinn tivesse flagrado o Dark Passenger dentro do furgão, os rumos seriam outros.

Mesmo com todos esses problemas lançados, seria possível construir um roteiro coerente e que desencadeasse numa trama cada vez mais complexa. Contudo, depois de uma quinta temporada impecável, os 20 minutos finais soaram covardes, à deriva de um senso de ousadia. Lumen vai embora, Debra não remove o plástico que a separa dos vigilantes e Quinn abandona em definitivo sua rixa com Dexter para o bem do seu relacionamento com a garota Morgan.

Portanto, para qualquer tipo de leitura que você se incline, o sexto ano começará como se a série tivesse sofrido uma espécie de reboot. Não existem pendências ou conflitos. Há uma sensação amarga na boca de traição, de um Deus Ex Machina que sempre intervém na vida desse serial killer e que conserta seu caminho sempre que lhe é conveniente.

Isso me faz pensar sobre como seria uma conclusão de Dexter...
E sabe de uma coisa?
Tenho uma má impressão sobre esse assunto.

UPDATE: Ao ler o blog de Pablo Villaça, crítico de cinema, soube que os tais roteiristas são uma nova trupe no comando, aparentemente alocados no lugar dos responsáveis pelas quatro primeiras temporadas. E ainda de acordo com a informação de Pablo, o tal grupo também é responsável pelo roteiro de 24 Horas (que, particularmente, nunca despertou meu interesse por ter reviews cheia de altos e baixos pela Internet).

Blergh...

domingo, 14 de novembro de 2010

How to stop a Fall

Review sobre os episódios de DEXTER
5.06 - Everything is Illuminated
5.07 - Circle of Us

Nós vimos as sombras da luz da manhã
As sombras do sol crepuscular
até que sombras e luz se tornaram um só.
- Jane’s Addiction, Three Days

Lumen Pierce. “A luz que perfura”. No cinema ou em qualquer outro veículo capaz de contar estórias, a escolha de nomes sempre servirá a um propósito maior. Em Dexter, Lumen se justapõe ao Dark Passenger e juntos dão origem a uma nova síntese em Miami. Everything is Illuminated é um daqueles episódios em que um crescendo toma conta da atenção do espectador até que o clímax ocorre, e a expressão unânime dos espectadores deve ser: “puta que o pariu!”.

Compartimentalização é uma piada.
Chamas sempre escapam pelas construções,
não importa quão bem seladas suas partes estão.
A vida também é assim.

Ver Dexter e Lumen trabalhando juntos evoca uma emoção muito maior do que na época de Miguel Prado. Com o sexto episódio, aliás, perdi qualquer insegurança quanto à garota: suas deduções sempre foram incertas, e por conta disso Dexter estava sob constante de perigo de caçar os indivíduos errados. Mas finalmente as coisas estão nos trilhos e Pierce consegue dar detalhes precisos sobre seus molestadores (pensando bem, o que tem de preciso em um homem de relógio e outro que sempre dobra seu paletó?)

O episódio quase em sua totalidade foi dedicado à dupla dinâmica, a propósito. Pouco se adiantou no no caso de Quinn e suas investigações, bem como a caçada aos irmãos fuentes. Não leve isso como uma crítica negativa, caro leitor. Às vezes o que é mais pontual e importante deve ser tratado com prioridade.

Após a conclusão do capítulo da semana (que, repito, deixou todos de boca aberta com seu clímax), era normal de se esperar que o nível da temporada se mantivesse. Particularmente, em 5.07 – Circle of Us – eu tive a sensação de que a qualidade foi proporcional, mas naturalmente com um ritmo menos frenético que o do anterior.

Isso não quer dizer que a trama não se desenvolveu. Pelo contrário: em 5.07 o caso Fuentes toma um rumo inesperado com a operação arriscada promovida por Laguerta, e que certamente trará maiores repercussões para sua carreira. Não acho que ela deveria passar por um momento tão difícil agora, levando em conta que perdeu seu amigo Doakes no segundo ano, sua amiga juíza no terceiro, e teve diversas complicações para assumir seu romance com Angel no quarto ano.

Debra é outra amargurada. Com uma sucessão de relacionamentos fracassados, é com grande pesar que vemos ela tirar a roupa para um otário como o Quinn. Digo, ou ele terminará num saco plástico ou decepcionará muito a garota quando ela souber a verdadeira natureza de seu meio-irmão por intermédio dele. Ah, falando nisso, mudo minhas apostas: Ao final de toda a série já se pode esperar que Dexter será pego ou assassinado. Mas acredito fervorosamente que Lumen continuará com o legado, tal qual aconteceu com Amanda e Jigsaw em Jogos Mortais.

Por fim, mas não menos importante, temos o caso Lumen & Dexter que se desenvolve de maneira peculiar. Destaque especial para a cena dos barris na estrada: Uau! A sensação evocada pela sequência, mais uma vez, é de que estamos revisitando a primeira temporada (genial como esse recurso tem repercutido por todo o quinto ano). Mas enfim, o grupo denunciado pela Lumen ganha um rosto e se declara como Jordan Chase (aquele homem dos áudios de auto-ajuda que Boyd escutava) e seu guarda-costas Cole. Big deal...

Fato é que não existe ainda um perigo iminente no horizonte. Isso também aconteceu no terceiro ano da série, mas naquela época alguns capítulos beiravam o tédio. A ausência de alguém de peso como Doakes, Lundy ou Trinity pode levar alguns a pensarem que a série está demorando a engrenar, e até certo ponto estão corretos. Eu esperava um rumo diferente de Dexter; esperava-o muito mais sombrio depois do assassinato da Rita. Isso não aconteceu, em grande parte, por causa de Lumen. Ela não somente é sua nova “sister-in-arms”, como também vem tomando o lugar da falecida ao usufruir da mesma banheira, da mesma casa na qual Dexter construiu sua identidade humana.

Nosso anti-herói, ao fim do capítulo, traz Harrison para visitar a loira.
Por isso, aposto alguns níqueis que em um ou dois episódios no máximo eles vão transar.
Certo?

That's Classic! Hilarious!

review sobre o episódio 2.01 de Misfits


Um esquisito que se torna invisível. Uma gostosa que atrai os machos para o sexo quando os toca (como se precisasse disso). Um atleta capaz de voltar no tempo. Uma loira “maria-homem” telepata cujo sotaque é indecifrável. Um pivete boca-suja, tirador de onda e imortal. Imortal!

Misfits está de volta. Em 2009 esta série britânica surgiu no canal E4 e, ao contrário da americana Heroes, ela foi lançada sem maiores pretensões. A auto-ironia, aliás, faz parte de obras pós-modernas: um de seus personagens, no primeiro capítulo do primeiro ano, afirma “que obviamente numa questão de semanas os superpoderes da galera já terão desaparecido, e tudo voltará a ser a mesma merda que era antes”. Com apenas 6 episódios, ela contou uma história divertida sobre cinco delinquentes que deveriam prestar serviço comunitário por terem “pisado na bola”. Uma estranha chuva de gelo, entretanto, conferiu a eles poderes supernaturais, assim como outros daquela mesma cidade. E ao invés de tentarem salvar o mundo de grandes corporações ou de antagonistas com ilusões de grandeza, eles só querem fazer o que todo adolescente quer: sexo, bebidas, companhia, farra. Claro, regado ao som de músicas mais que apropriadas e uma câmera trôpega que nos convida a ver sempre além do que se mostra.

O retorno do mais novo episódio é quase imediatista e óbvio: o resgate de Nathan ocorre exatamente como muita gente previu. Mas ao passar de 5 minutos, o espectador se pergunta: afinal, qual será mesmo a trama da nova temporada? Tudo bem, Simon guarda num freezer a última “Probation worker” e precisa se livrar do corpo dela, mas o que há realmente de novo? A verdade é que Misfits não trabalha desta maneira. Seus episódios, apesar de apresentarem ganchos e uma storyline coesiva, são relativamente independentes. Neste primeiro temos o caso de uma antiga conhecida de Simon, que usa seus próprios poderes de maneira muito interessante e causa muita dor de cabeça para o grupo. Há também o retorno do Mascarado do Parkour, que dá a dica que Nathan está vivo e salva o traseiro de Curtis em um momento crítico do episódio. Mas o que se espera mesmo de Misfits?

O desenvolvimento dos personagens, acima de tudo. Nathan, no final das contas, não é um completo idiota. Kelly já percebeu isso e está apaixonada por ele. Em outra esfera, Simon se impõe cada vez mais, até talvez a ponto de ser tratado como “igual”. E por fim, Curtis e Alisha ainda não podem dar uns amassos, mas até quando um relacionamento desses dura?

Também não serei pseudo-intelectual o suficiente em dizer que só isso basta. Na verdade, uma das coisas que mais me atrai na série são as besteiras que Nathan fala sempre quando abre sua boca. Suas tiradas são impagáveis, e assim como Sheldon Cooper em The Big Bang Theory, o maior sustento de Misfits se encontra na performance incrível do protagonista.

Talvez não seja por menos que a série ganhou o prêmio de melhor drama fantástico da TV britânica no ano passado.


PS: alguém sabe o nome da primeira música que toca neste capítulo? (não me refiro a da abertura, claro ¬¬)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Toda Luz Invoca uma Sombra

review sobre os episódios de DEXTER
5.04 - Beauty and the Beast
5.05 - First Blood

Uma vez mais Dexter é exposto. Uma vez mais o Dark Passenger tem sua chance de sair daquele canto escuro e se apresentar ao mundo. Sua voz grave é sutil e não passa a confiança necessária para conquistar a jovem Lumen (nome sugestivo), sobrevivente das presas de Boyd e testemunha da verdadeira face de Dexter. No cativeiro, a bela e a besta se combatem para chegar a um entendimento final. a garota consegue escapar, mas o Dark Passenger é implacável. Ele a toma pelo braço no meio do matagal e a leva ao pantâno dos barris, local já visitado na série. Dexter então fala sobre Rita e sua raison d'être. A faca invertida entregada a Lumen se torna símbolo máximo de cumplicidade. O preço que a garota cobra é barato: uma gota de sangue.



Na marina da cidade luz e sombra se encontram. O Dark Passenger, sem sucesso, implora para que a menina volte à sua terra natal, mas ela está obstinada a tirar a vida daqueles que a colocaram nessa situação indigna. Reparem como Lumen evita o toque masculino; Dexter não consegue sequer levar sua mão até ao ombro dela. Sua hipersensibilidade só pode ser explicada pelos constantes abusos que veio a sofrer em Miami, e é a partir de uma caçada amadora que ela encontra um falso molestador. A arma apontada é interceptada pela escuridão; Dexter consegue evitar uma tragédia e de quebra convence Lumen a tomar o primeiro vôo de volta a Minnesota.

Na mesma Miami, outras personagens também lidam com o problema de confiança. O Homem da Corregedoria surge no departamento de polícia e comunica particularmente à Laguerta que Angel pode perder o emprego e até mesmo ser preso pelo que fez ao outro policial no bar. O roteiro então nos leva a calçar os sapatos de Angel, pois a converssa entre a chefe e o corregedor, seguido da ansiedade da Laguerta e de suas desculpas de precisar chegar tarde em casa colocam o hispânico na mais cruel das realidades: a traição. Sua insegurança pela parceira e seu senso de propriedade o colocam no encalço da verdade, e ele a persegue assim como o carro de McCourt e a caroneira Laguerta. Inesperado, pelo menos por mim, foi a conclusão do caso (que não pretendo aqui contar).



Os highlights restantes ficam na imbecil caçada aos irmãos Fuentes pela detetive Morgan e seu estúpido plano de invadir sozinha uma sala secreta da casa suspeita. Bravo, Morgan! Igualmente decepcionante foi a tentativa frustrante e frustrada de Quinn em descobrir a identidade de Kyle Butler ao mostrar o retrato falado para o filho dos Mitchell, que estava sob escolta policial numa loja de conveniência. Quando o garoto estava pra abrir a boca, o maldito escoltador aponta sua arma para Quinn, que leva suspensão não remunerada por Laguerta. O espectador também leva suspensão quanto à revelação de Kyle.

A primeira parte da temporada está perto do fim e as peças do tabuleiro foram expostas. Meus palpites são:

- Lumen não morrerá, ao contrário das outras pessoas que descobriram a identidade de Dexter. Na verdade, talvez ela até venha a ser um futuro par romântico do protagonista.

- Quanto mais capítulos passam, mais evidentes ficam os mistérios em torno da babá de Harrison. Se continuar assim, acho que o caso dela vai se amarrar como o de Angel: nem tudo é o que parece.

- Dexter não consegue olhar pra Harrison e não ver um potencial serial killer. A cena no parquinho é ótima e serve de prenúncio para o filho do Dark Passenger (que também é colocado em evidência nos livros da série). Talvez a série termine mesmo com o protagonista sendo assassinado ou preso, mas deixando a semente do Mal representada pelo garoto.

Para fechar a review, coloco aqui uma das reflexões de Dexter sobre a vida - cujo ápice da inspiração permaneceram apenas na primeira e segunda temporadas. Até logo!


Arco-íris são uma ilusão.
Luz refratada para nos fazer pensar que
há algo lá, quando de fato não existe coisa alguma.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Hunter vs Hunter

review sobre o episódio de DEXTER
5.03 - Practically Perfect

Semana de Dexter, finalmente! Depois de me dar umas férias merecidas, recuperei minha vontade de resenhar sobre uma das mais bem sucedidas séries de TV da rede americana. E sem perder tempo, vamos ao que interessa!

O episódio da semana, com um título sugestivo como esse, de imediato já abre um grande spoiler sobre o que teremos no último ato da temporada. A escolha de uma responsável para tomar conta do pequeno Harrison teve uma montagem criativa logo nos primeiros minutos do capítulo, mas infelizmente o tal título se apregoou em minha cabeça como música ruim; é evidente que a babá irlandesa vai aprontar uma no futuro. A situação parece ter resolvido de uma forma muito conveniente, e eu não gosto nada disso.

Paralelamente, seguimos o caso de Angel e Masuka, que brigaram num bar pela honra de Laguerta e chamam a atenção da corregedoria. Gosto de ver estes personagens em foco, pois são divertidos e bem desenvolvidos. Entretanto, pouca coisa relevante acontece com eles, o que é uma lástima. Isso me faz lembrar daquela saudosa segunda temporada cuja estrela principal, na minha opinião, fora Doakes.

Já O caso Santa Muerte ainda me soa tão "interessante" quanto aquele da terceira temporada, sobre o assassino cortador de folhas de palmeiras. A iniciativa de multiplicar os desafios com diferentes vilões é boa, mas pode muito bem diluir a trama for tratada com cuidado. Veja só como exemplo irrefutável as obras cinematográficas de super heróis que lidam com mais de um antagonista por vez: os bandidos são unidimensionais e representam sempre aquela oposição barata do estilo good guy vs bad guy (sim, me refiro à Homem Aranha 3).

Por fim, temos Dexter caçando Boyid, que tinha potencial para ser um personagem curioso, mas acabou servindo apenas de gatilho para outra trama que está pra ser desencadeada. O embate entre os dois serial killers foi exasperante, mas definitivamente o cliffhanger foi a cereja do bolo dessa semana.

Rufem os tambores: temos em vista uma nova namorada para Dexter.

domingo, 10 de outubro de 2010

Sem descanso para o Mal

review sobre os episódios de SUPERNATURAL
6.01 - Exile on Main St.
6.02 - Two and a Half Men


Quando comecei a assistir Supernatural, considerava-a uma série mediana, que atendia sua função básica que era garantir meu entretenimento. Ao chegar à 3 e 4 temporadas, minha opinião era outra: seu roteiro cada vez mais polido e elaborado, com personagens realmente interessantes (Castiel, Dean, Bob), tornavam-na indispensável para qualquer interessado no gênero.

No início do quinto ano, entretanto, a série começou a apresentar sinais de desgaste. Mesmo planejada para durar seis temporadas, os roteiristas forçavam a barra cada vez mais para conseguir suportar 22 capítulos anuais. Ao invés de se preocuparem com o Apocalipse, entregavam-nos episódios de “monstros da semana” que não rendiam nada e era até mesmo ilógico, uma vez que não fazia sentido os irmãos Winchester desfocarem tantas vezes de seu objetivo último: deter Lúcifer e Michael.

Com o desfecho da quinta temporada, estava claro que o material criado por Eric Kripke havia chegado a um final conclusivo. Não havia mais o que explorar. Lúcifer foi engaiolado graças ao sacrifício de Sam, o Apocalipse foi abortado e Dean foi viver no subúrbio com mulher e quase-filho. Mas o canal urge pela audiência, e o show têm de continuar.

O que nos leva à estes dois primeiros capítulos da sexta temporada: Sam retorna dos mortos, assim como seu avô e primos. Nada é explicado; tudo é lançado aleatoriamente. Djinns surgem para vingar seu pai derrotado pelos irmãos no passado. Shapeshifters sequestram bebês. Sam e os ressuscitados contam com o retorno de Dean à ativa; de acordo com o grupo, foi um erro mantê-lo afastado do ofício de caçador por tanto tempo. Ele é bom demais pra se aposentar.

Mas sinceramente não dá. Não sinto mais a empolgação dos anos anteriores. Pretendo assistir até ao fim, mas não vou escrever reviews aqui. Quando a série terminar, faço um comentário geral sobre minha impressão. Supernatural tomou o caminho errado que tantas outras também o fizeram...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

o Fim é o Início é o Fim

review sobre o episódio de DEXTER
5.02 - Hello, Bandit

Semana nova, ansiedade renovada. Depois de uma season premiere altamente aguardada (leia-se: uma das mais assistidas de toda a história do canal Showtime), o drama do Serial Killer Dexter provavelmente entraria num recesso típico de início de temporada, no qual as peças para uma nova trama surgem lentamente para constituir o mosaico do terceiro ato.

Mas felizmente eu estava errado.

O episódio "Hello, Bandit" tinha tudo para ser um típico evento semanal em que nosso anti-herói caça o malfeitor da vez. Além disso, quando o FBI limpa a barra de Dexter imaginei que dali pra frente o episódio seria muito, muito leve.

Eis então a pedra no sapato, a ferida que não se pode coçar. O elemento chave que tornou o episódio tão memorável e delineou um pouco do que está por vir. Dexter, como disse seu próprio vizinho (aquele que beijou Rita), não há como atender a demanda múltipla de ser matador, pai de família e analista de espalhamento de sangue. Ele já havia tentado isso na quarta temporada, e tal plano falhou desastrosamente. Agora, Astor se opõe a qualquer chance de coexistência com seu padastro. Cody, tristonho, segue o caminho da irmã. O Dark Passenger está tão livre quanto no início da série.

E Dexter está em pedaços, pois um dos poucos sentimentos que ele possui dentro de si são para seus garotos.

Mas Hello, Bandit também traz seus vilões. O homem da machete e o despojador de barris. Ao que parece, vão dar trabalho para serem capturados. Mas não quero trabalhar com previsões para os antagonistas. Este ano é o ano de Dexter, Dexter em suas origens.

Aquele Dexter raíz, coisa de primeira temporada.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cogito Ergo Sum

Review sobre o episódio de FRINGE
se03e01: Olivia


Dentre as séries dramáticas que acompanho, uma das mais consistentes tem sido Fringe. Desde sua primeira temporada, lembro de ter assistido no máximo um ou dois episódios que eu tenha considerado "fraco". Portanto, é com uma certa euforia que retorno ao dilema de Olivia, Peter e Water neste terceiro ano da série.


Continuando praticamente no momento que terminou a season finale da segunda temporada, presenciamos nos primeiros minutos do capítulo de abertura a situação enfadonha que se encontra nossa heroína aprisionada na realidade paralela. Além de ter sido detida pelo "Walternativo", ela também tem recebido algumas doses de um composto que tem como objetivo transferir as memórias da alter-Olivia (que se encontra infiltrada na realidade "original") para ela própria; dessa maneira teríamos duas alter-Olívias circulando por aí. Somado à disposição do medicamento, Olivia também tem tido sessões com uma psicóloga para que seja convencida de que aquele mundo é o seu mundo verdadeiro, e que a noção de realidades paralelas seja apenas fruto da sua mente...

Quanto ao desenvolvimento deste primeiro episódio, o espectador não terá do que reclamar. O ritmo é bom, interessante e deixa algumas pistas do que está por vir. Fringe, aliás, é um drama de ficção-científica competente e confia na inteligência de sua audiência para a trama progredir sem parecer muito expositiva. Tome como exemplo aquela cena em que Olivia volta ao lar de sua mãe e acaba assimilando alguma das memória da sua contra-parte. Não existe emoção ali; o olhar dela ao ser abraçada releva mais confusão do que alívio. Eu posso apostar minhas fichas de que ela vai querer manter um low profile e fingir que a droga funcionou totalmente, e assim despistar a Divisão Fringe daquele mundo.

Que venha o próximo episódio. Ainda é cedo para especular tanto.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Superestimado


Review sobre o episódio de THE EVENT
se01e01: I Haven't Told You Everything


Neste fall season, um novo drama tomará conta da nossa curiosidade e da nossa paciência: The Event. Como o meu próprio título diz, a série mais superestimada da vez foi vendida para nada menos que 200 países antes mesmo de ter sua exibição na TV (!!!) e isso me faz lembrar uma regra de ouro para o cinema e para a telinha: não crie grandes expectativas quando se está para assistir algo. Quanto mais você espera, mais se decepciona se o produto não é aquilo que você pensava.

Com isso em mente, assisti ao episódio piloto de The Event, completamente livre de spoilers ou trailers. O veredicto é: a série empolga, mas nem tanto. Primeiramente, as comparações que surgiram acerca dela entre a falecida FlashForward e a iluminada LOST são grandes: conspirações, meias-verdades, flashbacks cansativos, ficção científica. Esta última foi um inegável sucesso devido ao desenvolvimento pontual de seus personagens; a outra, pela falta dessa mesma preocupação, não respirou mais do que apenas 20 episódios e foi cancelada. E então, até onde The Event conseguirá nadar?

Mas vamos à sinopse: Sean Walker, nosso herói, é perseguido no Aeroporto de Miami e toma seu vôo para São Paulo. Seu objetivo aparente é entrar em contato com o piloto da aeronave antes que uma tragédia ocorra. Por meio de flashbacks que surgem a cada 5 minutos (e que irritam!), descobrimos que o piloto, Michael Buchanan, é o futuro sogro do rapaz, e teve sua filha sequestrada enquanto o casal curtia um cruzeiro. Também somos apresentados ao presidente dos Estados Unidos, Elias Martinez, que descobre a existência de uma prisão ilegal no Alaska cujos peculiares detentos são de interesse primário da CIA. Dentre os detentos, temos Sophia Maguire, que guarda um segredo com proporções globais.

Como não pretendo entregar spoilers deste primeiro capítulo, garanto que algumas (poucas) coisas acontecem além do que é descrito na sinopse, e de fato são suficientes para prender a atenção do espectador até ao fim do episódio. O problema dessa nova aposta da NBC reside no tema já batido, e que precisará de uma boa mão para conseguir sobressair quando outras séries já enveredaram pelo mesmo caminho e pereceram.

Pretendo cobrir toda a primeira temporada da série, e a a partir do segundo capítulo mencionarei fatos mais específicos da trama. Se você tem interesse pelo gênero ficção-conspiração, acho que o esforço é válido neste fall season. Quem sabe a supervalorização de The Event dê certo mesmo?